Deparar-se com uma folha em branco, com o desejo de realizar algo novo é o momento mais inquietante do processo artístico criativo. O pensamento lógico- racional aparece cheio de ideias, a mente projeta algo que muitas vezes a habilidade não corresponde, seja ela nas mãos ou nas palavras, e assim inicia-se uma terrível batalha interna.
A crítica surge, naquela voz inquietante dentro de nós:
– Não era isso que eu tinha imaginado! Está horrível! Muito aquém da minha expectativa.
A vontade é de abandonar, deixar de lado antes mesmo de dar o segundo passo. Ou então fazer rápido para acabar logo -… já que não vou conseguir mesmo…vai de qualquer jeito. Quando nos propomos, livres e sem compromissos, a realizar algo artístico estamos estabelecendo um pacto com a nossa força interior, a mais profunda e genuína vontade de realização. Deixar essa vontade se sobrepor a autocrítica e ir em frente é o maior desafio, um ato de coragem, um voto de confiança em si mesmo.
Outras vezes, ao se propor a fazer algo novo e criativo, seja um texto, um poema, uma pintura ou escultura, qualquer arte, a “síndrome do papel em branco” chega com força total. Nada… nada vem, nada surge, nenhuma idéia de por onde ir. Só a névoa branca do papel na mente. Então, é hora de começar, parar de pensar e simplesmente deixar fluir. Dar a primeira pincelada, escrever as primeiras palavras, amassar a argila. Para quem vence essa primeira barreira coisas interessantes passam a acontecer. O nevoeiro mental começa a se dissipar, um passo aqui, outro ali, uma cadência de movimentos que te dizem: – Olha, tem algo surgindo aqui! O coração bate mais forte, a respiração fica mais solta, um ânimo surge onde antes havia a dúvida. A barreira da página em branco foi vencida.
E o resultado ao final desse processo, não é o que mais importa. Belo, estranho, denso ou fraco, na arte terapêutica o processo é a vitória. Uma vitória que abre um universo de novas possibilidades, infinitos caminhos a se percorrer, onde basta escolher um. E é uma escolha feita deixando de lado o rigor dos pensamentos, para vivenciar a presença e a materialização dos sentimentos.
Texto de Malu Nakid | www.malunakid.com.br | Instagram @malunakid
1 comentário em “O desafio de iniciar algo artístico criativo”
Obrigada Malu por compartilhar algo tão real, tão autêntico. Me reconheci em sua inquietação. Sofri com sua aflição. Me alegrei por você ter tido a coragem de ir até o fim e ter gostado do que viu. Obrigada pelo exemplo!