Despertar maternidade é um projeto de dança que aborda a realidade física dos rituais de cuidado pós-natal: o trabalho físico, emocional e espiritual envolvido, incluindo trocar as fraldas e alimentar o bebê, organizar o tempo de sono e o tempo acordado, administrar o temperamento do bebê dentro de um contexto social.
Esta é uma ponte entre o espaço público e privado. Muitas vezes as novas mães ficam isoladas. Isso nos dá a oportunidade de estar em um ambiente social e compartilhar nossa experiência: um círculo de apoio. Isso nos une ao papel de pais, apesar de nossas diferenças econômico-culturais-políticas.
A premissa é que, agora que somos mães, estamos em constante relação intersubjetiva com nossos bebês. Este é um estado permanente de multitarefa. Neste espaço nós exercemos: flexibilidade, adaptabilidade, espontaneidade, sensibilidade e compaixão.
Desenvolvemos uma prática consciente, expressiva, leve e bem-humorada. Ao mesmo tempo, buscamos estar totalmente presentes na tarefa e no nosso relacionamento com o nosso filho.
Nós praticamos sintonização sinestésica (Loman, 2016) com o nosso eu físico (nossos corpos e nossas emoções) e com nossos bebês ao mesmo tempo. Nos movemos continuamente em contato com nossos bebês enquanto somos fisicamente autônomos e livre. Exploramos e desfrutamos de diferentes maneiras de apoiar e interagir com o peso de nossos bebês, descobrindo diferentes maneiras de carregá-lo e segurá-lo com nosso próprio corpo. Aumentamos a sensação de alinhamento dinâmico, autoconfiança e empoderamento. Nos envolvemos e permitimos a socialização: entre os bebes e entre as mães, também. Usamos o tempo para testemunhar e valorizar os vários estágios do desenvolvimento infantil. Incorporamos nosso bebê em uma atividade artística estética.
O maior presente que podemos dar aos nossos bebês é o nosso amor e atenção. Para poder oferecer esse amor e atenção plenamente, precisamos estar sintonizados e corporificados. Isso significa amar a nós mesmos cuidando dos nossos corpos, ouvindo e respondendo às nossas necessidades. Quando compartilhamos espaço e tempo com nossos bebês a partir de um estado corporificado, nossos bebês experimentam isso e são felizes porque também estão recebendo o que precisam.
A relação mãe-bebê é um laço sensório-motor.
Texto: Vanessa Pereira
Mestre em Saúde Mental, especialista em psicomotricidade, profissional de educação física, bailarina profissional e professora do Magistério Federal da Marinha do Brasil.